quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Neurose


  

Há não muito tempo atrás, para alguém ver minhas fotos de infância, a pessoa tinha que estar sentada na sala da minha casa, abrir o armário (que era obstruído por uma mesa, eu tinha que arrastar a mesa para poder abrí-lo), pegar o álbum e - geralmente - eu acompanhava o folhear das páginas, fazendo as vezes da legenda das fotos.

Quando dou um scroll pelo facebook e vejo as fotos dos filhos que meus amigos postam, algumas me deixam em pânico. O filho fazendo o seu primeiro pipi sentado na privada, a filha tomando banho, os brinquedos ganhados no aniversário, o evento na escola. E quem está folheando todos esses álbuns, será que temos mesmo o controle de tudo isso? Acompanho blogs de mães, está tudo ali descrito, a primeira papinha, quando deu o primeiro passo... coisas que só pessoas muito próximas, que frequentavam a minha casa, sabiam de mim. Eu sinceramente não sei o efeito para os filhos de nascerem e crescerem com essas "intimidades" tão expostas.

Sou uma pessimista.

domingo, 7 de outubro de 2012

. dia, mês, ano .












1 ano. mesmo prestando atenção, tem coisas que o cotidiano não nos deixa perceber. aniversário, rito de passagem: um ano se passou. o que aconteceu, o que mudou, o que ficou. claro que eu percebi que as roupinhas já não cabiam mais. sentou. levantou. aumentou a quantidade de comida - e mudou o tipo dela. deu passos. andou. se desloca pra onde quer. chora mais. chora menos. dorme. reclama. sorri e gargalha. brinca. imita e testa nossas reações. 

coisa simples em casa. era pra ser nano festa. como ninguem confirmou presença, achei que viriam os parentes, pouca gente. mais de quarenta pessoas no apartamento. k. já tinha aprendido a bater palmas, então quando cantaram 'parabéns', abriu um sorriso e deu gritos batendo as mãos. uma verdadeira festa.

o tempo da criança é uma martelada nas nossas percepções. tudo é marcado. quando uma coisa nova acontece, é sempre uma ficha caindo. a primeira vez que. as coisas todas que fazemos sem perceber pra eles é um grande desafio. e vencidos, determinam em ações as metáforas das nossas próprias conquistas.

no dia-a-dia ainda não consegui me adaptar com a rotina casa, crianças e outras atividades. tudo uma grande bagunça. as dúvidas, que antes eram muitas, continuam existindo. mas mais amigas se tornaram mães, outras famílias em contato, e todas as figurinhas trocadas foram acalmando tanta ansiedade. bem mais calma, esse estado de espirito tem deixado mais leves os dias atarefados de dormir tarde e acordar cedo.

tão cansada. tão feliz. vai entender.