Anos passados, é descoberta pelo fotógrafo Terry Donaldson e se torna uma grande modelo de moda. Sendo então conhecida, passa a lutar contra a mutilação feminina e ao direito da mulher em existir de forma plena.
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E então, hoje pela manhã, ainda perturbada, recebo o seguinte comentário do meu marido: "Agora você sabe como me senti quando você furou a orelha de F.". Indignada profundamente, respondi quase aos berros "Isso não tem nem comparação!!""É, mas você não deu escolha a ela, e sou completamente contra a todas essas 'convenções' da sociedade".
Acabei me calando. De fato, não dei escolha a ela. Furei porque é uma menina. Tenho uma amiga que não tem as orelhas furadas porque ela acredita nos pontos vitais do corpo, como na acupuntura. E se F. se sentir violada caso ela também abrace esse estilo de vida?
Na Somália e em países islãos, a prática da circuncisão é realizada por acreditarem que a mulher se torna pura e só assim pode se casar, as que não fazem são consideradas "prostitutas". E pela pobreza desses países, os casamentos arranjados são uma forma de sustento para as famílias, por isso tão importante encontrar um homem que aceite suas filhas.
Fui pesquisar sobre essa questão na internet. E vi que apesar da coragem de Waries denunciar essa prática, pouco se fez a respeito de evitar essa violência. Afinal, o que são mulheres circuncisadas nos países mais pobres da Africa?
Sei que pouco adiantaria eu postar no facebook minha indignação: as pessoas curtiriam, apoiariam, mas nada de real e prático seria feito. Por isso escrevo este post. Porque se essa realidade é tão distante para nós, vamos tentar enxergar com olhos mais abertos para nós mesmos, assim conseguimos nos sensibilizar. Será que também não submetemos nossos filhos a 'mutilações' psicológicas, desejando que se tornem pessoas "bem-sucedidas", competitivas, podamos a liberdade de escolha deles em ações sutis e aparentemente inocentes.
Se queremos um mundo diferente, temos que começar a transformar a partir de nós mesmas.