quarta-feira, 25 de abril de 2012

. pontes .












vendo os posts dos papais de plantão no facebook, me aproximei disto:

me fez pensar no cotidiano daqui de casa: o quanto as crianças estão cheias de televisão nas brincadeiras delas e em como eu mesma me afastei do brincar. outro dia R. (quase 5 anos) me chamou, chutando e socando o ar: "brinca comigo?" e eu só pude responder: "não estou com vontade; aliás, acho que não gosto mais de brincar, ou pelo menos, não disso (luta)". "do que você gosta?" "gosto de falar com as pessoas". realmente me sentia assim, e conversamos um tempão sobre isso apesar da frustração dele.

há algum tempo decidi sempre dizer como me sinto de verdade, ao invés de me arrastar em uma coisa de má vontade ou criar "situações estranhas de adultos que mentem". não sei se é algo bacana de se fazer de fato, mas por enquanto foi a melhor maneira que encontrei para criar nossas pontes. um sentimento e uma conversa sobre o que acontece.

o problema não é brincar, mas talvez "lutar contra o alienígena usando o poder dos raios supremos" -  até gosto que eles brinquem assim, mas eu mesma não fantasio esse jogo.  tudo o que vivo com eles me faz resgatar as minhas próprias experiências da infância. o que eu fazia nessa idade? lembro agora que eu adorava fazer livros: dobrava algumas folhas ao meio e enchia de desenhos e colagens. fazia a capa, contracapa, criava o nome da editora, o título. adorava lidar com papel, cola, tesoura, lapis de cor, caneta, régua, grampeador. R. adora desenhar. pronto. disso sei que podemos brincar juntos. vou tentar lembrar de mais coisas e com o tempo trazer tudo isso de volta. 

me coloco em uma ativação "brincadeira full time": cozinhar (cortar e misturar os alimentos),  limpar a casa (borrifador de água + um pano), fazer compras no supermercado (carrinho de compras vira carro que desvia de obstáculos - rios, jacarés, penhascos). mas não estabeleço muito aquele momento: pausa, agora estamos brincando. se não há essa legenda, parece que não existe a experiência. "você nunca brinca com a gente, mai". deve ser por isso que pra cada episódio do desenho, os novos golpes vem com novos títulos.

logo K. vai crescer mais (agora ela está com 7 meses) e deixar de ser um nenê. será que ela vai querer brincar comigo?

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